
Cena aérea do momento do rompimento da barragem de Brumadinho e a propagação da lama nos arredores (foto: Reprodução/TV Globo)
A tragédia
A cidade de Brumadinho (MG) foi o local do acidente de rompimento da barragem de dejeitos de minério, de responsabilidade da empresa Vale S.A. O acidente ocorreu dia 25 de janeiro de 2019, ocasionando 259 mortes e 11 desaparecimentos. Além de danos irreversíveis para as centenas de famílias residentes na região, ocasionou destruição ambiental, como a degradação do solo, do rio Paraopeba e seus afluentes, bem como da fauna da região. A mineradora teve que arcar com as consequências dos seus atos, desembolsando um total de R$ 28,8 bilhões.
Antes do desastre, a empresa já havia sofrido com o rompimento da barragem de Mariana, situação que também causou grandes impactos ao meio ambiente, sendo considerado um dos maiores desastres do mundo. A lama afetou a bacia hidrográfica de Rio Doce, impossibilitando a distribuição de água para mais de 230 municípios. Ainda assim, a barragem de Mariana não resultou em mortes, tornando-se um desastre menor do que o ocorrido posteriormente, em Brumandinho.
A barragem
O engenheiro ambiental Arthur Tschiedel nos explicou, em entrevista, que a Vale utilizou um método de ampliação da barragem chamado de alteamento a montante, que possui o menor custo se comparado às outras maneiras de aumento. Nesse formato, a barragem vai sendo ampliada com a construção de camadas de concreto, de dentro para fora. O índice de rompimentos desse tipo de barragem é muito baixa, mas, ainda assim, este método está associado à maioria dos casos.
Tschiedel também relatou que são feitas monitorias anuais, para avaliar as condições da barragem. A última havia sido feita há alguns meses antes do rompimento, quando não foram relatados riscos de rompimento. Embora a barragem de Mariana tenha rompido pouco tempo antes, a Vale permaneceu com as mesmas medidas de prevenção já praticadas pela empresa.
As iniciativas da Vale
Após o desastre, a Vale se comprometeu em fazer o máximo possível para reparar os danos que a empresa causou. No período do desastre, Eduardo Bartolomeu, diretor-presidente da companhia, afirmou para a imprensa que “A Vale permanece firme em seus propósitos: reparar integralmente Brumadinho e garantir a segurança de nossas pessoas e ativos.” Após, a empresa adotou medidas de cuidado para auxiliar as vítimas e as famílias afetadas, como, por exemplo, o auxílio financeiro para aproximadamente 106 mil famílias que moram em Brumadinho e ao redor do rio Paraopeba. A companhia também criou a Diretoria Especial de Reparação e Desenvolvimento, para dar seguimento em todos os trabalhos referentes à Brumadinho. No site da Vale há uma aba para a comunicação da empresa com o público, onde são postados comunicados de forma clara e detalhada, para que todos possam analisar o que está sendo feito.
Embora o posicionamento com o público seja de manter a transparência sobre as atitudes que a empresa vem tomando para reparar os danos da tragédia, não foi possível ter contato com os engenheiros que atuam diretamente na Vale, pois eles são impedidos de comentar a respeito do desastre.
Em síntese, é percebido que a companhia assumiu a culpa e fez o possível para tentar diminuir os danos causados. Mas, sabendo que o método de ampliação de barragens é o menos seguro, a dúvida que fica é: será que o acidente não poderia ter sido evitado?
Referências:
- https://blog.fortestecnologia.com.br/gestao-e-negocios/gestao-de-crise-brumadinho/
- https://www.comunicacaoecrise.com/site/index.php/artigos/1123-vale-a-maior-crise-corporativa-do-brasil
- http://www.vale.com/brasil/PT/aboutvale/servicos-para-comunidade/minas-gerais/atualizacoes_brumadinho/Paginas/default.aspx